Pessoas com deficiência apontam falta de acessibilidade no Lolla

No mundo contemporâneo, os eventos e festivais reuniam diversas pessoas que promovem um intercâmbio cultural entre elas, por estilo musicais, artistas, pinturas, danças e outras expressões, existem vários detalhes que precisam ser observados na hora de realizar. Um deles é na acessibilidade, para as pessoas com deficiência, essa discussão precisa se ampliar para que a sociedade reflita e perceba o quanto é importante existirem espaços inclusivos e acessíveis para que as pessoas com deficiência tenham o direito de circular livremente e serem respeitados. No mês anterior, tivemos o Lollaplazooa que é dos maiores festivais de música do país, que reuniu mais 300 mil pessoas durante três dias, mas diversas pessoas com deficiência que foram para o festival relataram a falta de acessibilidade no evento.

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A jornalista e criadora de conteúdo, Maria Paula, 28 anos, relatou as suas experiências positivas e negativas durante o festival. Ela tem uma doença genética, nunca diagnosticada que se manifestou quando era criança com três anos, mas quando chegou na adolescência passou a usar a cadeiras de rodas. Com seu crescimento profissional como a primeira fotografa cadeirante a se consolidar no mercado brasileiro, também é modelo, atriz e ativista da causa da pessoa com deficiência, foi convidada por uma das marcas patrocinadoras para está no espaço vip. “ Fui muito bem recebida, com transporte acessível para eu ir e voltar no evento, no espaço vip tinha todo o acesso com rampas, elevadores funcionando e banheiros acessíveis”, afirma Maria.  

Mas um das maiores preocupações de maria ao Lollapalooza era sobre a questões de acessibilidade, principalmente nos banheiros. “Então quando cheguei lá nesse espaço oferecido tinha toda acessibilidade, fiquei mais tranquila. Mas o evento não é só espaço vip, é um festival de música com mais de 20 atrações acontecendo vários artistas que eu amo, não queria ficar trancada no espaço vip, queria vivenciar o festival,” afirma Maria

Mas a experiência de vivenciar o festival fora do espaço vip, ocorrem vários problemas pela falta de acessibilidade e Maria só conseguiu durante um dia inteiro assistir ao único show. “ O show de jonga foi único show que eu consegui ver, a distância de um palco para o outro é muito longa, também do palco para espaço vip muito longa, o local tem vários desníveis. No domingo também choveu e com isso ficou muita lama. O palco Ônix era impossível transitar e a produção estava zero preparada,” reclama a jornalista. 

Maria cita vários erros da produção na parte de acessibilidade do festival, a área PCD (pessoa com deficiência) não tinha uma boa visibilidade para o palco, as pessoas ficavam assistindo através do telões os shows, a produção e as pessoas que trabalhavam no festival não sabiam passar informações, Maria e seu namorado chegaram a perguntar qual era o melhor caminho para chegar perto do palco e ninguém sabia informar e acabaram se deparando com escadas. “ A gente trombou com três lances de escadas, o bombeiro se prontificou em ajudar, eu e meu namorado. Quando chegamos lá em cima uma pessoa da produção solicitou um carrinho de golfe, ficamos esperando lá mais de horas o carrinho que nunca chegava,  desistimos de esperar e seguimos porque estava perto do show e estava começando a chover. Quando estamos indo para perto do palco, vimos vários artista e influenciadores utilizando o carinhos de golfe destinado para as pessoas com deficiência”.

A jornalista também enfrentou problema na hora de sair do show. “Na saída do show de djonga para voltar para o espaço vip, nós víamos que tinha um espaço mais fácil pela área onde passava os carros e a produção quis impedir a gente de ir por ali. Então argumentamos que seria mais fácil o deslocamento. E aí o cara da organização do festival falou assim, olha você quer ir por aí então por sua conta em risco”. 

Maria ficou se questionando se acontece algo com ela naquele percurso, não tinha importância? Também percebeu não tinha banheiros acessíveis fora do espaço vip e outra pessoas com deficiência que não tem o privilégio de esta em espaços vip? O que passaram para está naquele festival com falta de acessibilidade?

Na divulgação do festival Lollapalooza Brasil, o marketing feito sobre acessibilidade contavam com vários serviços e dispositivos, como: acesso pcd pelo portão 7, área pcd com plataformas elevadas nos quartos palcos para assistir aos shows, carinho de golfe para fazer o transporte do portão 7 até o festival, interpretes de libras em cada plataforma elevada das pessoas com deficiência que fica na área dos palcos, áudio descrições através de um equipamento de transmissão que serão distribuídos por recepcionistas e um kit livre que é um equipamento motorizado que possui a função de transformar a cadeiras de rodas em um triciclo motorizado elétrico para locomoção nas dependências do autódromo de Interlagos.

O festival trabalhou a informação que teria acessibilidade, chamando o público a também vivenciar a experiência do festival, mas, na prática, não aconteceu e essas situações sobre falta de acessibilidade relatadas são recorrentes em eventos e até no dia-a-dia. No Brasil, existem 45 milhões de pessoas com deficiência, representando 23% da população e acessibilidade é de extrema importância para garantir o acesso e a segurança. 

A influenciadora digital, Giovana Massera, 25 anos, estudante de moda, modelo e influenciadora digital também conhecida por Toranja mecânica, também foi convidada para está Lollapalooza e acabou sofrendo com falta de acessibilidade colocando sua saúde em risco. “ Quando eu cheguei de van, o motorista não tinha informação e deixou a gente na entrada perto do palco Adidas, nessa entrada não tinha nenhuma ou estande para dar informações. Inclusive também não tinha o posto para pessoas deficientes. Esse posto ficava na outra entrada que estava do outro lado do autódromo, então eu tive que atravessar todo Autódromo para achar exposto e ter acesso às cadeiras, me fizeram subir várias escadas, pegar caminho errado e fazendo tudo isso a pé”. 

Giovana tem Lúpus e a doença foi agressiva no seu corpo, com isso desde 12 anos lida com alguma limitações, para se locomover utilizar uma bengala e não pode andar longas distâncias. Quando conseguiu chegar no local não estavam disponibilizando os carrinhos de golfe, mas conseguiu pegar kit livre que era triciclo motorizado elétrico, que também não era apropriado para utilizar tem terrenos com muito desníveis, pode gerar riscos de acidentes. “ O triciclo elétrico estava com problema na ré e bateria que quase queimou a minha coxa. A cadeira atolava na lama e não havia bombeiros por perto para ajudar, então minha irmã tinha que empurrar sozinha, às vezes apareciam pessoas ao redor que disponibilizava para ajudar. Devido aos barrancos eu quase capotei com a cadeira e ela atolou na lama. Eu chorava de dor, de cansaço, desespero e não conseguia pisar no chão devido às dores”. 

A sua experiência no Lollapalooza também com muito dificuldade devia a falta de acessibilidade, só conseguiu assistir um show, pontuou diversas pontos que festival deve melhora como: postos para as pessoas com deficiência em todas as entradas, cadeiras de rodas sem defeitos, carinhos de golfe funcionando para ir aos palcos, liberassem as parte cimentadas atrás do palco para quem está de cadeira ou simulassem uma estrada para cadeiras de rodas, banheiros maiores para pessoas com deficiência, treinassem a equipe de funcionários e orientassem melhor os bombeiros. 

A falta de acessibilidade nos eventos está ligada ao Capacitismo estrutural que limita o direito ao acesso das pessoas com deficiência. A sociedade tem a concepção que as pessoas com deficiência vivem reclusa em casa, que não estudam, nem trabalham e também não saem para divertir. Atualmente, as pessoas com deficiência representam um 1% no mercado de trabalho formal, isso significa também o quanto é difícil do ponto vista poder aquisitivo da população com deficiência está presentes em eventos privados de custos elevados. 

Por isso é tão importante trabalhos como da Maria e Giovana como influenciadoras digitais, para que as pessoas com deficiência sejam representadas e falem suas vivência para possamos transforma a sociedade mais inclusiva. “É de extrema importância que a gente ocupe todos os espaços, para que as pessoas entendam que nós existimos e temos vida ativa, que nós realizamos sonhos,  namoramos, trabalhamos, divertimos e também continuar se comunicando” afirma Maria paula. 

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